Olá, amigos. Sejam mais uma vez bem-vindos ao CommunioSCJ.

Há algum tempo que, tomando como base o nosso Credo, temos voltado nossa atenção para os principais artigos de nossa fé. Neste percurso, já meditamos extensamente as Pessoas Trinitárias do Pai e do Filho. Agora, na iminência da festa de Pentecostes, nos voltamos para a terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, que “com o Pai e o Filho é adorado e glorificado” [1].

E de início notamos um fato curioso: embora o Espírito Santo seja a Pessoa Divina que se faz mais próxima a nós, é também aquela sobre a qual menos conhecemos. Ícone - PentecostesSe o Antigo Testamento nos apresenta o Pai e o Novo Testamento nos anuncia o Filho, só nesses últimos tempos o “Espírito tem direito de cidadania entre nós e nos concede uma visão mais clara de si mesmo” [2]. Se a nossa experiência humana nos permite distinguir entre o que significa ser Pai e Filho, “Espírito e Santo são atributos divinos comuns às três Pessoas Divinas” [3].

Essa falta de conhecimento acerca do Espírito Santo é explicada à luz de sua própria missão. Pois Ele não vem para falar de si mesmo, mas para revelar o Pai e o Filho. Sendo o Sopro que dá origem a toda criatura, Ele está presente desde a criação do mundo. Através dos profetas e da Lei, Ele está presente em toda a história da salvação e concede ao povo eleito conhecer o Pai. É também Ele que começa a preparar a vinda do Messias e a realiza no seio imaculado da Virgem Maria. Sua importância é tamanha que leva Santo Irineu a afirmar que “sem o Espírito não é possível ver o Filho de Deus, e sem o Filho ninguém pode aproximar-se do Pai” [4].

Sem o auxílio do Espírito Santo, milagre nenhum, reflexão nenhuma, nem mesmo as Sagradas Escrituras podem nos levar ao conhecimento verdadeiro do Pai e do Filho. Como diz o Apóstolo: “Ninguém será capaz de dizer ‘Jesus é o Senhor’, a não Espírito Santo - Vaticanoser sob a influência do Espírito Santo” (1 Cor 12,3). E ainda: “Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Abbá, Pai!” (Gl 4,6). Assim, para que possamos conhecer a Verdade, o Espírito Santo se faz presente em vários lugares: nas Escrituras, na Tradição, no Magistério, nos Sacramentos, na oração, nos carismas, nas inspirações diárias, nos testemunhos dos santos.

Como já refletimos em outras oportunidades, toda a Trindade executa uma única obra de Redenção. Cada uma das Pessoas Divinas, entretanto, possui uma missão específica nessa obra grandiosa. “A missão conjunta se desdobrará então nos filhos adotados pelo Pai no Corpo de seu Filho: a missão do Espírito de adoção será uni-los a Cristo e fazê-los viver nele” [5]. Jesus Cristo prometeu: “sereis batizados com o Espírito Santo” (At 1, 5). E essa não é uma promessa qualquer, pois sem o Espírito não podemos nos unir a Cristo. Em outras palavras, sem o Espírito Santo não há redenção.

E a Igreja é o lugar da redenção. É nela que, pela ação do Espírito de Deus, somos unidos a Jesus Cristo, a fim de sermos acolhidos pelo Pai. Na Igreja somos um só Corpo porque temos um só Espírito, o Espírito Santo. Sem Ele, a Igreja se desmancha do mesmo modo que nossos corpos se decompõem quando são separados de nossas almas.

A nós cabe, portanto, dar abertura ao Espírito para que Ele realize “todo o processo indispensável para percorrermos o caminho de união com Deus, caminho que compreende, quer elementos atrativos, quer elementos purificadores, ou seja, elementos de nosso despojamento” [6]. Ao nos despojarmos de nós mesmos e do mundo que nos cerca, abrimos espaço para um relacionamento com o Senhor, somos enxertados naquele que é nossa verdadeira salvação.

Que a Santíssima Virgem Maria, que foi tão íntima do Espírito Santo, nos auxilie a experimentar seus dons e sua ação redentora na festa de Pentecostes que se aproxima.

Um grande abraço a todos!

 

 

[1] Trecho do símbolo niceno-constantinopolitano.

[2] CEC (Catecismo da Igreja Católica), n. 684.

[3] CEC, n. 691.

[4] CEC, n. 683.

[5] CEC, n. 690.

[6] DAJCZER, T. Meditações sobre a fé. São Paulo: Palavra e Prece, 2007, p. 174.