Caros irmãos, celebramos o sexto domingo do Tempo Comum e a liturgia nos apresenta as bem-aventuranças segundo o evangelista S. Lucas (cf. Lc 6,17.20-26). Peçamos ao Senhor que nos ajude a aprofundar nossa comunhão consigo através destes textos litúrgicos.
Partimos da segunda leitura: “Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão” (1Cor 15,19), diz o Apóstolo. A dureza desta frase pode nos ajudar a acordar para o fato que nada neste mundo pode preencher o vazio do nosso coração, como disse também Santo Agostinho logo no início das suas Confissões. Assim, mais uma vez, nos demos conta de que, se esperamos que Jesus nos dê uma vida confortável neste mundo, resolvendo todos os nossos problemas, então, somos, de fato, mais dignos de dó do que qualquer outra pessoa sobre a terra.
Em seguida, com esta chave de leitura, podemos entender não só as bem-aventuranças, bem como os “ais” pronunciados por Jesus no evangelho desta liturgia. Por que são felizes os pobres, os famintos, os que choram e os que são odiados enquanto “ai” daqueles que são ricos, têm fartura, que riem e que são elogiados? Certamente, posses, comida, alegria e elogios não são, em si mesmos, males – longe disso. Mas, certamente não são os maiores bens. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6,33), disse o Senhor. Ao mesmo tempo, pobreza, fome, angústia e ódio não são bens em si mesmos, mas podem ser as portas que nos levem a encontrar e reconhecer que o único capaz de nos dar Vida plena dando-nos desde já um sentido mais profundo para tudo, é o próprio Deus de Amor.
Que a Vigem Maria, aquela que acreditou, nos ajude a reconhecer e perseverar no Caminho de seu Filho pela Cruz à Ressurreição. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó virgem gloriosa e bendita. Amém!