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QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA (Ano A) – P. Lucas, scj

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Caros irmãos, a liturgia do quarto domingo do Tempo Pascal nos apresenta a figura de Jesus como o Bom Pastor (cf. Jo 10,1-10). Por isso, este é o dia mundial de oração pelas vocações sacerdotais. Rezemos, então, pedindo ao Senhor Ressuscitado, que continue atraindo ao Seu Coração aqueles que escolheu para este ministério.

Diz o Senhor: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem […] Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,9-10). Trata-se de uma imagem muito eloquente pois a porta é o meio que dá acesso a algum lugar. Todos buscamos viver plenamente e, por isso, buscamos a vida plena e feliz ainda que, por vezes, de modo desvairado no pecado, onde, de fato, ela não se encontra. Dessa forma, precisamos encontrar a porta que dá acesso à vida plena. E encontrá-la é encontrar a salvação.

Ora, a porta da salvação é, como Ele mesmo diz, Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado. Uma vez que O encontramos, somos libertados e, verdadeiramente livres, temos saciada nossa fome de sentido para a vida. A boa notícia é que a porta está aberta e nos é disponível: podemos acessá-la através da fé. A pergunta é se estamos dispostos a atravessá-la para viver no seguimento do Bom Pastor. Portanto, busquemos tenazmente a via que nos é proposta para que, nela, encontremos a vida que desejamos.

Ó Pai, dá-nos a luz do Espírito Santo para que, nas trevas deste mundo, encontremos a porta da salvação, Teu Filho Jesus Cristo. Maria santíssima, Mãe de Deus, conduza-nos à salvação. S. José Operário, dá-nos muitas e santas vocações sacerdotais.

Regina Cæli, lætare, alleluia;
Quia quem meruisti portare, alleluia;
Resurrexit, sicut dixit, alleluia;
Ora pro nobis Deum, alleluia.

Gaude et lætare, Virgo Maria, alleluia;

Quia surrexit Dominus vere, alleluia!

IV Domingo da Páscoa: Jo 10,1-10 – O Bom Pastor: a Porta para vida

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Por Dom André Vital Félix da Silva, SCJ.

Neste IV Domingo da Páscoa, Domingo do Bom Pastor e Dia Mundial de oração pelas vocações, a Comunidade do Ressuscitado é chamada a tomar consciência de ser rebanho de Deus, do qual o próprio Senhor, ao morrer e ressuscitar, se tornou o pastor e guarda de suas vidas (2ª Leitura). Diante das várias imagens e comparações que encontramos na Sagrada Escritura para falar do relacionamento entre Deus e o seu povo, sem dúvida a do pastor é a mais conhecida e a mais eloquente, pois não apresenta conceitos teóricos sobre Deus, mas evoca de modo concreto, no horizonte vivencial, as relações de proximidade e a experiência amorosa de quem está empenhado com a vida do amado; o verdadeiro pastor não tem reservas diante das necessidades de suas ovelhas, mas coloca-se totalmente à sua disposição “a fim de que elas tenham vida, e a tenham em plenitude”. 

O verdadeiro pastor se diferencia do mercenário porque entre ele e as suas ovelhas há uma relação racional-afetiva, não as considera uma quantidade, mas estabelece um relacionamento a ponto de “chamar a cada uma pelo nome”, pois não se limita a cumprir apenas tarefas e responsabilidades frente ao rebanho a ele confiado; o seu objetivo não é simplesmente garantir um salário, mas dar a sua vida pelo bem das ovelhas. Em síntese, o cuidado do pastor para com a vida das suas ovelhas diz respeito, à segurança e à subsistência do rebanho (proteção e alimentação). A imagem do aprisco, para onde as ovelhas são levadas, representa a proteção a elas garantida; e fazê-las entrar e sair do aprisco indica a solicitude do pastor em conduzi-las para os pastos onde encontram comida, e para as torrentes de água onde matam a sede (Sl 22).

Jesus declarando-se o verdadeiro Pastor, cumprindo plenamente as promessas do Antigo Testamento (Ez 34; Jr 3,15), introduz um elemento inédito no seu ensinamento: “Eu sou a porta”. Por três vezes faz referência a esta palavra para denunciar os falsos pastores e estabelecer o critério seguro para discernir quem é ladrão e assaltante, cuja finalidade é apenas “roubar, matar e destruir”. Para compreender com profundidade o motivo de Jesus ter se declarado “a porta das ovelhas”, é preciso recordar o episódio relatado por São João em uma das idas de Jesus a Jerusalém por ocasião de uma festa dos judeus (Jo 5,1s). Das doze portas da cidade de Jerusalém, uma se chamava “a porta das ovelhas” (Probatikê: ovelheira; Ne 3,1.32; 12,39; Ap 21,12). Essa porta era assim chamada porque por ela passavam as ovelhas que iriam ser sacrificadas no Templo. Portanto, dizer “a porta das ovelhas” era a mesma coisa que “a porta para a morte”. Lá Jesus encontrou uma multidão de doentes (cegos, coxos e paralíticos), são as ovelhas abandonadas à morte pelas autoridades, por aqueles que deveriam ser os seus primeiros defensores, mas que somente exploram as ovelhas e as oprimem com o peso das suas interpretações deformadas da Lei. 

Jesus ao curar o paralítico junto à porta das ovelhas anuncia o novo êxodo, fazendo-o caminhar não mais para a porta da morte, mas conduzindo-o à páscoa da libertação das amarras dos falsos pastores. Contudo, foi preciso que o paralítico obedecesse a voz de Jesus, tornando-se assim uma de suas ovelhas, isto é, “daquelas que ouvem a sua voz…E o seguem porque conhecem a sua voz”. Ademais, ao declarar: “Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem”, Jesus muda completamente o significado da expressão “porta das ovelhas”, até então compreendida como caminho para morte. As ovelhas agora libertadas são conduzidas para a vida, cujo alimento é o próprio Jesus, o pão descido do céu (Jo 6). Essa pastagem que as ovelhas encontram quando seguem o verdadeiro pastor as fortalece no caminho, dando-lhes força para fugir dos estranhos, que, por sua vez, não desistem de suas investidas contra o rebanho. São “os ladrões e assaltantes”; aparentemente são termos sinônimos (grego: kleptes e lestes), porém, considerados nos seus respectivos contextos semânticos, indicam estratégias diferentes do agir do falso pastor. No evangelho de João, esses termos são aplicados a dois personagens diferentes e emblemáticos: ao discípulo Judas Iscariotes (Jo 12,6: kleptes, ladrão) e ao revolucionário Barrabás (Jo 18,40: lestes, bandido). Com esses dois apelativos, Jesus ensina e adverte que os falsos pastores podem atacar o rebanho tanto vindo de fora, com violência, como faz o bandido, como também, de modo sutil, silencioso, sorrateiro, do meio do rebanho, como faz aquele que furta.

Como não são pastores, “sobem por outro lado”, isto é, para não serem barrados evitam passar pela porta, pois é ali que serão reconhecidos pelo porteiro, que consequentemente os impedirá de entrar e atacar o rebanho. Ainda que consigam entrar de modo ilegal, por serem estranhos, não serão seguidos pelas ovelhas. Sendo ladrões e assaltantes, não conhecem as ovelhas, e portanto não podem chamá-las pelo nome. Dessa forma, só há um modo de dominá-las: pela violência, o que pode levá-las inclusive à morte. 

Celebrar a Páscoa do Senhor é despertar a consciência do rebanho frente aos ladrões e assaltantes que procuram destruir a vida das ovelhas. Não basta apenas dizer que Jesus é o Bom Pastor, é preciso reconhecer os falsos pastores para que a vida conquistada por Ele não seja roubada e destruída. São inúmeras investidas para dispersar as ovelhas e conduzi-las à morte. Destarte, urge renovar a experiência com o Senhor Ressuscitado, através da escuta atenta da sua palavra, para não se deixar confundir por outras vozes; seguindo os seus passos, para não se deixar arrastar por mercenários que conduzem à morte.

Fonte: https://www.dehonianosbre.org.br/homilias/iv-domingo-da-pascoa–jo-10-1-10–o-bom-pastor–a-porta-para-vida

TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOA (Ano A) – P. Lucas, scj

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Caros irmãos, neste terceiro domingo do Tempo Pascal, a liturgia nos leva a contemplar a aparição de Jesus ressuscitado aos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35). Deixemo-nos alcançar pela Graça de Deus para que Sua misericórdia se manifeste também a nós.

O texto de S. Lucas, bastante, conhecido lembra-nos de que ouvir dizer que Jesus ressuscitou não é suficiente: é preciso encontrá-lo. De fato, os discípulos iam desanimados, desesperados, de volta ao seu povoado natal para retomar a vida velha depois que suas expectativas foram frustradas pela experiência da Cruz e, embora já tivessem recebido o anúncio da Ressurreição, continuavam seu triste caminho, pois “a ele, porém, ninguém o viu” (Lc 24,24). É verdade que ouvimos falar que Jesus não foi vencido pela morte e, este anúncio é imprescindível, mas a fé nasce do verdadeiro encontro com o Ressuscitado que está próximo a nós [1].

E o Ressuscitado está particularmente próximo a nós na Fração do Pão: é preciso, então, reconhecê-lo na Palavra que faz arder o coração no fogo do Amor de Deus (cf. Lc 24,32) e no Pão abençoado, partido e distribuído (cf. Lc 24,30), no qual a oferta e a presença substancial do Senhor se perpetua. Uma vez reconhecido, o retorno à comunidade é feito com pressa: retornemos, portanto, se estamos afastados, à grande comunidade reunida no Amor de Deus que é a Igreja para nos tornarmos verdadeiros discípulos-missionários do Evangelho.

Ó Pai, dá-nos o Espírito Santo para que reconheçamos, na fé, Teu Filho Jesus Cristo. Maria santíssima, Mãe da Igreja, interceda por nós e ajuda-nos a perseverar na fé. S. José, nosso protetor, dá-nos a intimidade com Jesus.

Regina Cæli, lætare, alleluia;
Quia quem meruisti portare, alleluia;
Resurrexit, sicut dixit, alleluia;
Ora pro nobis Deum, alleluia.

Gaude et lætare, Virgo Maria, alleluia;

Quia surrexit Dominus vere, alleluia!

[1] “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Bento XVI, Deus caritas est, n.1).

III Domingo da Páscoa: Lc 24,13-35 – Não somos discípulos para Emaús

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Por Dom André Vital Félix da Silva, SCJ.

O itinerário proposto pela liturgia durante esses cinquenta dias de júbilo pascal se desenvolve em três fases distintas, porém intrinsecamente relacionadas. A 1ª fase é a Oitava da Páscoa, cujo centro é o anúncio de que Cristo não está no sepulcro, mas vivo e, por isso, manifesta-se à sua comunidade, a fim de que essa creia na sua vitória sobre a morte e se prepare para assumir a sua missão. A 2ª fase (III ao V Domingo) nos apresenta os fundamentais desafios para que a comunidade do Ressuscitado se torne verdadeiramente suas testemunhas, tome consciência das exigências da sua identidade e missão; por fim, a 3ª fase (VI Domingo e Ascenção) é preparação imediata para a conclusão do Tempo Pascal com a Solenidade de Pentecostes. 

A tão conhecida narração do evangelho de hoje nos introduz no 2º momento desse percurso pascal; não basta apenas afirmar que Jesus ressuscitou, é preciso que os seus discípulos também façam a experiência da vida nova que Ele lhes conquistou, para isso é preciso empreender um caminho de conversão (voltar de Emaús), de mudança de mentalidade, deixando-se iluminar pela ressurreição do Senhor que dá uma nova compreensão às Escrituras (dinâmica do caminho) e faz enxergar a verdade dos acontecimentos da vida, que se nutre com a presença permanente do Crucificado que ressuscitou (Eucaristia). À luz da Escritura e alimentada pela Eucaristia, a comunidade vence toda tendência imediatista, ensimesmada e superficial de pensar e viver a sua missão no mundo, partindo de Jerusalém, e não se refugiando em quaisquer vilarejos que garantam proteção e comodidade. 

O tradicional título dado a esta narração evangélica: “Os discípulos de Emaús”, apesar de ser tão comum entre nós, não parece ser muito coerente com o texto. Infelizmente a visão superficial nos aprisiona a estereótipos e não nos damos conta de suas ulteriores deformações. Para muitos a expressão virou poesia, e tantos almejam tornar-se “Discípulos de Emaús”. Tecnicamente “de Emaús” serve para identificar a proveniência (por exemplo, Maria de Magdala, Paulo de Tarso: são antropônimos geográficos). Contudo, o evangelho em nenhum momento faz esse tipo de referência; encontramos apenas: “Dois discípulos de Jesus iam para um povoado chamado Emaús”. O que é Emaús? Onde fica? Diz-se apenas que é um vilarejo perto de Jerusalém (11km), contudo até hoje não se sabe com precisão onde está situado; na Bíblia só essa vez é mencionado (Lc 24,13). Se geograficamente não se pode localizá-lo, etimologicamente pode ter significado de “fortaleza” (do hebraico ‘amós). Quiçá estamos diante de uma importante chave de leitura do episódio.

Diante da morte de Jesus, os seus discípulos passaram por uma profunda convulsão. O próprio Jesus anunciou: “Esta noite todos vós vos escandalizareis por minha causa, pois está escrito: ‘Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão’. Mas, depois que eu ressurgir, eu vos precederei na Galileia” (Mt 26,31-32). E umas das reações foi justamente procurar segurança, fugir para um lugar ou situação que garantisse proteção (fortaleza). Alguns se reuniram e trancaram as portas por medo (Jo 20,19s); outros abandonaram a comunidade momentaneamente, mas retornaram (Tomé); outros tomaram o caminho de distanciamento de Jerusalém, decepcionados diante de suas expectativas. Ir na direção de Emaús representa uma dessas soluções fáceis. Portanto, renunciar ao chamado de ser discípulo de Jesus. 

O Senhor, porém, vai ao encontro de todos, pois não quer que nenhum se perca, nem dentro de casa trancados, nem fora, longe da comunidade, deserdados. O caminho para Emaús é ocasião para Jesus ajudar os discípulos a mudarem de rumo (conversão). Diante da morte de Jesus havia várias outras possibilidades: tornar-se “discípulos do medo e da covardia”, “discípulos da conveniência e oportunismo”, como também “discípulos da fuga”. Portanto, aqueles que arriscavam se tornar “discípulos de Emaús” são desafiados pelo próprio Jesus a reassumirem a vocação original de ser discípulos do Ressuscitado, suas testemunhas, cuja fé vence o medo e a coragem faz retornar às origens, ainda que a noite já se adiante. No caminho para Emaús, Jesus propõe uma inversão de marcha, aquecendo os seus corações com uma nova leitura-interpretação dos fatos à luz da Palavra, abrindo-lhes o coração e a mente para uma nova compreensão dos acontecimentos da sua morte e ressurreição à luz da sua vida, dos seus ensinamentos e de sua obediência ao Pai.

Fazendo caminho para Emaús, Jesus forma o coração dos companheiros de viagem para uma outra direção, a fim de que abandonem a tentação da busca de proteção (Emaús: fortaleza), longe da comunidade, mas que descubram que o lugar deles é o cenáculo em Jerusalém, onde eles viram Jesus pela última vez partindo o pão, como sinal de sua entrega, do seu amor incondicional, e onde receberão o Espírito Santo para continuar a obra de Jesus. A palavra de Jesus no caminho para Emaús foi mostrando a necessidade de mudar de rota. Contudo, precisavam mais do que uma nova indicação de rota, necessitavam de forças para voltar. Por isso, o próprio Senhor, ao tomar o pão, dar graças, partir e entregar-lhes, os alimenta, dando-lhes disposição para empreender o caminho de volta. 

O evangelho de hoje nos apresenta um grande desafio: abandonar o caminho para Emaús e tornar-se discípulo de Jesus; isso exige escuta atenta e fiel da Palavra, coragem de ir além das aparências dos fatos, rompendo com interpretações precipitadas e fundadas na incredulidade, e deixar-se revigorar pela Eucaristia, o alimento para quem não busca seguranças fáceis, mas que reconhece que a sua missão é a mesma missão do Mestre, que não se acovardou diante da cruz, e por isso, ressuscitou. 

O tempo da Páscoa é momento propício para revermos a nossa rota. Se estamos indo para Emaús ou se estamos nos deixando orientar pelo Divino Caminheiro, que se faz caminho, nos precede na estrada certa, nas sendas da missão. O que queremos ser? Discípulos de Emaús ou discípulos de Jesus? Para Emaús teremos comodidade aparente, mas viveremos no vazio de sentido por causa do medo, e na ausência de esperança, por causa da fuga. Se decidirmos por Jesus, teremos companhia indispensável (comunidade), orientação imprescindível (Palavra de Deus), alimento em abundância (Eucaristia), destino garantido (vida plena).

Fonte: https://www.dehonianosbre.org.br/homilias/iii-domingo-da-pascoa–lc-24-13-35–nao-somos-discipulos-para-emaus

DOMINGO NA OITAVA DA PÁSCOA (Ano A) – P. Lucas, scj

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Caros irmãos, o Domingo na Oitava da Páscoa ou segundo domingo do Tempo Pascal foi designado como por S. João Paulo II como o Domingo da Divina Misericórdia. De fato, sua liturgia nos coloca diante da manifestação do Ressuscitado à comunidade dos discípulos, na qual Jesus transmite o poder de perdoar os pecados aos apóstolos, e da experiência de fé de S. Tomé (cf. Jo 20,19-31). Deixemos, então, nosso coração bem aberto ao Senhor para que Ele continue manifestando Sua misericórdia a nós.

A felicidade daquele que crê é proclamada duas vezes nesta liturgia: na segunda leitura (cf. 1Pd 1,8-9) e no evangelho, onde o próprio Senhor Jesus declara feliz quem crê sem ter visto (cf. Jo 20,29). A fé, porém, não é um ato isolado: ainda que guiada e sustentada pela ação do Espírito Santo, ela surge como a resposta ao anúncio do Evangelho feito pela Igreja e, assim, nos insere na mesma comunidade que é a Igreja.

Por isso, é importante que nos mantenhamos firmemente unidos na comunhão eclesial que se dá, como ouvimos na primeira leitura, ao redor do ensinamento dos apóstolos, da comunhão fraterna, da fração do pão e das orações (cf. At 2,42). Busquemos, portanto, conhecer e aprofundar nossa fé naquilo que os Apóstolos ensinaram, ou seja, na doutrina da Igreja de sempre, conservando nosso amor e obediência aos pastores que o Senhor mesmo escolheu para guiar-nos neste mundo, celebrando os mistérios de Cristo nos Sacramentos, em particular na Eucaristia e rezando uns pelos outros para que nossa união em Jesus Ressuscitado seja sempre mais firme e perfeita.

Ó Pai, dá-nos o Espírito Santo para que nossa fé em Teu Filho Jesus Cristo, ressuscitado dos mortos, seja fortalecida. Maria santíssima, Mãe do Redentor, sê para nós modelo de fé. S. José, nosso protetor, guia-nos à intimidade com Jesus.

Regina Cæli, lætare, alleluia;
Quia quem meruisti portare, alleluia;
Resurrexit, sicut dixit, alleluia;
Ora pro nobis Deum, alleluia.

II Domingo da Páscoa: Jo 20,19-31 – Misericórdia: o coração divino toca a miséria humana

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Por Dom André Vital Félix da Silva, SCJ.

Este Domingo da Oitava da Páscoa, também chamado Domingo da Divina Misericórdia, Festa instituída por São João Paulo II (17.08.2002), cuja inspiração se encontra nas experiências místicas de Santa Faustina Kowalska (1905-1938), nos apresenta os fundamentais frutos da ressurreição do Senhor: a paz, a alegria, a missão, o Espírito Santo, o perdão. Porém, a condição indispensável para poder participar de todos esses dons concedidos pelo Ressuscitado é a fé: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto”. Por outro lado, crer aqui significar aceitar ser objeto da misericórdia de Deus, deixar-se amar por Ele, que toma a inciativa de vir ao nosso encontro, favorecendo-nos a possibilidade de fazer experiência da sua misericórdia. Porém, é preciso lembrar que não foi a partir de Santa Faustina que a Igreja começou a proclamar a Misericórdia Divina, pois desde os primórdios do Cristianismo o centro da vida da comunidade do Ressuscitado é a experiência do amor de Deus, manifestado sobretudo na sua misericórdia. Não haveria autêntico anúncio do evangelho se não fosse proclamação de que Deus nos ama, nos perdoa, nos acolhe. Estas são as provas de que Ele é verdadeiramente misericordioso. 

Contudo, a experiência dos santos ao longo da história, e entre eles, Santa Faustina, serve-nos de alerta, de chamada de atenção para algumas verdades fundamentais que são deixadas de lado ou mesmo esquecidas em alguns setores da sociedade, inclusive da própria Igreja.

Por conseguinte, celebrar a Divina Misericórdia é mais do que difundir uma devoção, pois deve ser a nossa experiência cotidiana do amor de Deus, que nos deu a grande prova, entregando-nos o seu Filho para a nossa salvação. A contemplação do Coração traspassado, de onde saiu sangue e água (ícone de Jesus Misericordioso), nos transporta espiritualmente não apenas para uma experiência mística de Santa Faustina, mas nos coloca diante do grande mistério do Amor misericordioso de Deus. Amor que não cansa de se manifestar, a fim de que possamos reconhecê-lo e, também, amá-lo. 

A oração da coleta deste Domingo, rezada muito antes da instituição da festa da Divina Misericórdia, nos ajuda a penetrar no significado profundo da celebração de hoje. Dirigimo-nos ao Pai chamando-o de “Deus de eterna misericórdia”, o que será retomado no Salmo Responsorial (117); portanto, a misericórdia está no centro da nossa fé a qual precisa ser “reacendida” constantemente, de modo particular, “na renovação da festa da Páscoa”. Tudo isto em vista de uma melhor compreensão do “batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos remiu”. 

O ponto alto da revelação deste movimento de misericórdia de Deus encontra-se no hodierno relato do evangelho. Sendo a misericórdia o encontro do coração de Deus com a miséria humana (Santo Agostinho), a experiência da comunidade com o Senhor ressuscitado ilustra muito bem esta verdade da misericórdia de Deus que vem ao encontro das misérias humanas para transformá-las. A ressurreição do Senhor não é uma realidade que se restringe a Ele apenas, mas alcança a humanidade, da qual se exige a fé. Portanto, a experiência da comunidade primitiva com o Ressuscitado se deu quando o próprio Senhor deixou-se tocar o coração pela miséria dos seus discípulos e ajudou-os a abrir-se à sua misericórdia.

Por isso, diante da miséria do medo e da covardia dos discípulos que fecharam as portas do lugar onde estavam, manifesta-se a misericórdia do Ressuscitado que rompe as falsas proteções e coloca-se no meio deles, desejando-lhes: “A paz esteja convosco”. Diante da miséria da tristeza que inundava o coração dos discípulos por causa da morte do Mestre, manifesta-se a misericórdia do Crucificado cujas mãos e lado trazem as marcas da cruz, mas que está vivo e, por isso, torna-se a causa de alegria para eles. Diante da miséria dos discípulos, que tinham se afastado do Mestre e da missão que lhes havia confiado, manifesta-se a misericórdia do Enviado do Pai que vem ao encontro deles e, ao desejar-lhes a paz, renova o chamado que lhes fizera, confirmando-os na missão: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.

Diante da miséria dos discípulos aprisionados numa casa (símbolo do seu sepulcro), manifesta-se a misericórdia do Vencedor da morte, que saindo do seu sepulcro entra no sepulcro dos seus discípulos para conceder-lhes vida nova: “Recebei o Espírito Santo”, e assim arrancá-los da sepultura que eles mesmos tinham construído para si (cenáculo trancado). Diante da miséria da traição do Mestre, manifesta-se a misericórdia do Deus que não se cansa de perdoar, não apenas perdoando os pecados dos discípulos, mas tornando-os instrumentos do seu perdão: “A quem perdoardes os pecados, eles lhe serão perdoados…”. Diante da miséria da falta de fé (Tomé), manifesta-se a Divina Misericórdia, que permite deixar-se tocar a fim de que o incrédulo seja tocado e recupere a salvação.

Fonte: https://www.dehonianosbre.org.br/homilias/ii-domingo-da-pascoa–jo-20-19-31–misericordia–o-coracao-divino-toca-a-miseria-humana

DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR (Ano A) – P. Lucas, scj

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Caros irmãos, a celebração do tríduo pascal culmina no Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor, cuja liturgia coloca diante de nosso olhos a chegada dos primeiros discípulos ao túmulo vazio (cf. Jo 20,1-9). Abramos nosso coração à fé em Jesus Ressuscitado que transforma a nossa vida.

O evangelho da santa Missa matutina no domingo da Páscoa mostra-nos o discípulo amado que “viu e acreditou” (Jo 20,8). Ele viu o túmulo vazio e acreditou na palavra do Senhor: “ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9). Justamente o discípulo amado que, junto da Mãe de Jesus, o acompanhou até o calvário e viu o lado aberto Senhor é aquele que acreditou por primeiro, embora ainda não tendo visto o Ressuscitado. Também nós que rezamos a liturgia da Igreja nessa semana santa, com devoção à Virgem dolorosa, acompanhamos o Senhor no caminho do calvário: contemplamos o Seu Amor e, por isso, sustentados pelo dom do Espírito Santos podemos crer em Sua ressurreição.

Uma vez que somos inundados pela luz da fé, somos chamados a responder ao dom de Cristo através do dom de nossa vida que se realiza através de uma nova hierarquia de valores, ou seja, esforçando-nos por alcançar as coisas do alto, aspirando as coisas celestes (cf. Cl 3,1-2). Portanto, buscamos amar o Senhor, nosso Deus e Pai, sobre todas as coisas e dispor tudo em nossa vida de acordo com a Sua santíssima vontade porque já recebemos dele, pela ação do Espírito Santo, o maior de todos os dons: Jesus Cristo, o divino amor encarnado que nos cura e dá sentido à nossa vida. Deixemo-nos, assim, iluminar pelo fulgor do Ressuscitado.

Ó Pai, que o Espírito Santo mantenha e faça crescer em nosso coração a luz de Teu Filho Jesus Cristo, ressuscitado dos mortos. Maria santíssima, Rainha dos céus, sê para nós modelo de fé. S. José, nosso protetor, mantenha-nos na intimidade com Jesus.

Regina Cæli, lætare, alleluia;
Quia quem meruisti portare, alleluia;
Resurrexit, sicut dixit, alleluia;
Ora pro nobis Deum, alleluia.

VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA – P. Lucas, scj

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Caros irmãos, abrimos o terceiro dia do tríduo pascal celebrando a Vigília Pascal na noite santa da Ressurreição. A sua liturgia nos dá a oportunidade de revisitarmos toda a história da salvação e, no evangelho, contemplaremos o Senhor Ressuscitado que se manifesta às Marias (cf. Mt 28,1-10). Com grande alegria, louvemos a Deus que em Seu Filho nos libertou do pecado e nos deu a Sua vida.

Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito!” (Mt 28,5-6). No anúncio do anjo às mulheres, encontramos a síntese da nossa grande alegria pelo mistério que celebramos nesta noite. De fato, Aquele que foi crucificado em Seu amor extremado por nós, manifesta Sua plena vitória rompendo as cadeias da morte e, assim, ressuscitando para a vida gloriosa e bem-aventurada. Que grande alegria saber que o Cordeiro divino por nós imolado não morre mais.

Mais ainda, que intenso júbilo poder esperar viver nele esta mesma vida bem aventurada, pois, como ouvimos o Apóstolo, todos nós que batizados, fomos batizados na morte de Cristo e, assim, fomos sepultados com ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova (cf. Rm 6,3-4). E esta nossa esperança não se refere somente à vida que virá depois que passarmos deste mundo ao outro, ela se refere também à vitória sobre o pecado e à vida na graça e no amor que podemos, pelo dom do Espírito Santo, viver desde já como Filhos de Deus. Caros irmãos, alegremos pela vitória de Cristo que se manifesta em nossa fraqueza.

Ó Pai, dá-nos o Espírito Santo para que, em Teu Filho Jesus Cristo, vivamos da fé, em esperança e caridade. Maria santíssima, Rainha dos anjos, leve-nos a Deus. S. José, nosso protetor, conduze-nos a intimidade com Jesus.

Regina Cæli, lætare, alleluia;
Quia quem meruisti portare, alleluia;
Resurrexit, sicut dixit, alleluia;
Ora pro nobis Deum, alleluia.

Vigília Pascal: Mt 28,1-10 – Seu pé ferido nova estrada abriu

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Por Dom André Vital Félix da Silva, SCJ.

Santo Agostinho chama a Solene Liturgia desta noite de “a mãe de todas as vigílias”, pois nela nasce e se enraíza toda a liturgia da Igreja; cume do Tríduo Pascal, celebra-se de modo mais pleno a obra da redenção realizada por Deus através da morte e ressurreição do seu Filho. É a noite do novo nascimento para os catecúmenos e da renovação das promessas dos já batizados. A Igreja é chamada a aprofundar a consciência de sua identidade e missão; nascida do Lado traspassado do Salvador na cruz (batismo), nutrida pelo seu corpo e sangue (Eucaristia), deve ser luz no mundo.

Os quatro momentos que compõem a celebração (Rito da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal, Liturgia Eucarística) nos fazem mergulhar numa dimensão atemporal onde a lógica da cronologia linear perde o seu sentido; não há mais nem passado esquecido nem futuro desconhecido, pois, à luz da ressurreição do Crucificado, toda a história é relida e a eternidade se faz presente: Ele é o Alfa e o Ômega, Princípio e Fim. Assim, no princípio se anuncia o fim, e no fim realiza-se o princípio. Toda a celebração faz uma retrospectiva, mas também cria uma perspectiva, porém o eixo que as equilibra é a presencialidade da salvação.

1. No rito da luz se faz retrospectiva do princípio de tudo: existir é vir à luz. Contudo, a luz verdadeira é o Verbo eterno que entrou na história e, ao morrer e ressuscitar, iluminou definitivamente toda a criação.

2. Na Liturgia da Palavra faz-se a retrospectiva de todo o caminho de iluminação da Palavra de Deus ao longo da história. Contudo, é a Palavra Encarnada que se revela a luz verdadeira, a Palavra definitiva do Pai, o ponto mais alto da sua comunicação.

3. Na Liturgia Batismal faz-se retrospectiva dos grandes feitos do Senhor para dar vida à humanidade. Contudo, a vida plena é dom da morte e ressurreição de Cristo cujo penhor é o batismo.  

4. Na Liturgia Eucarística faz-se a retrospectiva do evento libertador de Deus para salvar o seu povo da escravidão. Contudo, a nova e definitiva aliança se estabelece na entrega de Jesus, cujo corpo e sangue partilhamos. 

A perícope evangélica proclamada nessa solene liturgia sintetiza esse movimento (retrospectiva-perspectiva). Mateus, no primeiro momento, evidencia a experiência da luz: “Ao amanhecer (grego: te epiphoskouse, ao estar reluzindo) do primeiro dia da semana”; corrobora com esta ideia o aspecto do anjo do Senhor (como relâmpago, vestes brancas: tudo evoca luz). Assim começamos a liturgia de hoje, experiência da luz. Em seguida, na palavra do mensageiro encontra-se uma referência à Palavra de Jesus para dizer que estava se cumprindo o que ele anunciou (característica fundamental da Palavra de Deus: anúncio-realização). Assim prosseguimos a liturgia ouvindo abundantemente a Escritura nas suas várias leituras. Num terceiro momento faz-se uma referência explícita à morte (crucificado) e ressurreição de Jesus (fundamento do batismo). Testemunhar o batismo dos catecúmenos é contemplar em mistério a realidade anunciada pelo anjo. Por fim, descrevendo a experiência das mulheres que estavam cheias de medo (retrospectiva: morte), mas que correm com grande alegria (na perspectiva) de dar a notícia aos discípulos, vemos a necessidade de voltar à comunidade (condição primordial para a celebração da Eucaristia). 

No auge da narrativa Jesus aparece no caminho diante delas (presencialidade) e as convida a alegrar-se e “As mulheres aproximaram-se e prostraram-se diante de Jesus, abraçando os seus pés”. Muito significativo que ao tocarem os pés (feridos) de Jesus, receberam a ordem: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. Celebrar a páscoa do Senhor é fazer a experiência de tocar os pés feridos do crucificado que abriram o caminho para os seus discípulos o seguirem indo para a Galileia, lugar onde tudo começou: “Vem Jesus da Galileia…” (Mt 3,13). Portanto, naquilo que parecia conclusão descortina-se um novo princípio. A Vigília Pascal é verdadeiramente a mãe, pois nos gera no Filho, filhos para continuar a sua missão no mundo, sendo luz.

Fonte: https://www.dehonianosbre.org.br/homilias/vigilia-pascal–mt-28-1-10–seu-pe-ferido-nova-estrada-abriu

AÇÃO LITÚRGICA DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO – P. Lucas, scj

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Caros irmãos, ainda no primeiro dia do tríduo pascal, celebramos solenemente a Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo que meditamos com o relato de S. João (cf. Jo 18,1-19,42). Em silêncio e com o coração aberto, contemplemos aquele Amor que, por nós, chega às últimas consequências.

Continuamos diante da realização do que nos foi anunciado por João no evangelho da Missa de ontem: Jesus “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). De fato, contemplamos o amor de Cristo que chega às últimas consequências quando, tendo recebido vinagre para beber, entrega o espírito e, já morto, torna-se fonte de vida que jorra para a vida eterna (cf. Jo 19,30.34). No processo, porém, que O levou à morte, diante de Pilatos, o Senhor declara: “o meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Contudo, é – e sempre foi – difícil acolher uma salvação que, sim, se manifesta neste mundo porque transforma o coração humano, mas que não é deste mundo: parece sempre mais fácil escolher outro filho do Pai, Barrabás, desde que isso mantenha as esperanças de obter o Reino aqui (cf. Jo 18,40).

Esse, no entanto, é um erro que podemos evitar se, diante dele, permanecermos em silêncio com os reis da terra (cf. Is 53,2 – primeira leitura) e, mais que isso, aproximarmo-nos com confiança daquele que se senta no trono da graça para obtermos o auxílio oportuno (cf. Hb 4,16 – segunda leitura). Podemos fazer isso hoje rezando com o salmista: “mostrai serena a vossa face ao vosso servo, e salvai-me pela vossa compaixão” (Sl 30,17). Continuemos, portanto, a esperar o que o Senhor nos prometeu e não nos deixemos enganar por outras promessas quaisquer.

Ó Pai, envia o Espírito Santo sobre nós para que acolhamos o imenso dom do Amor em Teu Filho Jesus Cristo. Maria santíssima, Mãe das Dores, ensina-nos a dizer sim a Deus. S. José, nosso protetor, dá-nos a intimidade com Jesus.

Sub tuum præsidium confugimus.
sancta Dei Genitrix:
nostras deprecationes
ne despicias in necessitatibus:
sed a periculis cunctis libera nos semper,
Virgo gloriosa et benedicta.

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