Olá, queridos amigos do CommunioSCJ. Sejam bem vindos.
Enquanto refletíamos, nas semanas anteriores, sobre a Pessoa Divina do Espírito Santo, pudemos perceber que sua principal missão é a de “uni-los [os homens] a Cristo e fazê-los viver nele” [1]. Convém ressaltar agora, amparados pelo Catecismo, que o local onde nos tornamos um com o Cristo é precisamente a Igreja. Vários são os símbolos utilizados para expressar a riqueza da Igreja no Novo Testamento. Dentre eles encontra-se a figura da videira, símbolo que alude claramente para íntima união entre Cristo e os seus:
“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,4-5).
Eis o maravilhoso mistério: permanecendo em Cristo, na Igreja, Ele permanece também em nós, somos ligados por um vínculo místico. Justamente por isso, a Igreja, tão perseguida e insultada atualmente, não pode diminuir de valor aos olhos daqueles que têm fé. Ela não é instituição meramente humana: “está na história, mas ao mesmo tempo a transcende” [2]. Abarca todo o povo de Deus que vive na terra, mas também as almas dos santos, a Virgem Maria e os anjos, todos unidos a Cristo, pela ação do Espírito Santo.
A Igreja é, assim, a realização do sonho de Deus para o ser humano: que e o homem possa compartilhar de sua perfeição. Não por acaso, os primeiros cristãos ousavam afirmar que “o mundo foi criado em vista da Igreja” [3]. Quando Cristo se faz homem, Ele assim procede para cumprir o projeto de amor do Pai, inaugurando o Reino dos Céus aqui na terra. E “a Igreja é o Reino de Cristo já misteriosamente presente” [4].
A verdade de fé sobre a Igreja é tão importante que impele G. K. Chesterton, filósofo convertido ao catolicismo, a escrever que “o cristianismo não é uma religião, é uma Igreja” [5]. Mais bela ainda, porém, é a fórmula proposta por São Clemente de Alexandra para explicar o mistério da Igreja: “Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação e se chama Igreja” [6].
E se alguém por ventura nos perguntar que Igreja é essa, onde somos inseridos em Cristo, pela ação do Espírito Santo, para gozarmos por toda a eternidade do amor de Deus Pai? Aí poderemos dizer que é a Igreja que foi “admiravelmente preparada na história do povo de Israel e na antiga aliança. Foi fundada nos últimos tempos. Foi manifestada pela efusão do Espírito. E no fim dos tempos será gloriosamente consumada” [7]. A Igreja que o mundo começou a conhecer quando os Apóstolos saíram a pregar após o Pentecostes (cf. At 2,1-17). A Igreja fundada por Jesus, deixada aos cuidados dos Doze, chefiados por São Pedro, conforme as próprias palavras do Senhor: “Por isso eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as forças da morte não poderão vencê-la” (Mt 16,18).
Que a festa do Corpo de Cristo que celebramos nesta semana nos ajude a aumentar o nosso vínculo com a Igreja. Que através dessa comunhão ainda imperfeita possamos um dia, com a Graça de Deus, contemplar sua Sagrada Face em companhia da Santíssima Virgem Maria, de todos os santos e de todos os anjos.
Uma abençoada semana a todos!
[1] CEC (Catecismo da Igreja Católica), n. 690.
[2] CEC, n. 770.
[3] CEC, n. 760.
[4] CEC, n. 763.
[5] CHESTERTON, G. K. Todos os Caminhos levam a Roma. São Paulo: Oratório, 2012, p. 57.
[6] CEC, n. 760.
[7] CEC, n. 759.