Caros irmãos, celebramos o vigésimo sexto Domingo do Tempo Comum e a liturgia nos põe em contato com duras palavras do Senhor Jesus: além de não impor limites a quem faz o bem, Ele nos previne do escândalo – ou do risco de promovê-lo (cf. Mc 9,38-43.45.47-48). Aproximemo-nos do texto evangélico e nos deixemos tocar pelas palavras do Mestre.
Cortar mãos e pés e arrancar olhos (cf. Mc 9,43.45.47) não é, sem sombra de dúvida, uma indicação literal. Mas esta hipérbole nos deixa claro, como se vê na medicina, que para salvaguardar a vida é possível até extirpar alguns membros, por mais importantes que eles possam ser em si mesmos. Quem dirá, então, para entrar na Vida? Ou seja, para não perder a comunhão com Deus, nosso Pai todo amoroso, nós precisamos, com a ajuda da Sua Graça, nos afastar de certas circunstâncias, sobretudo das ocasiões de pecado.
Isso nos põe diante de importantes perguntas. Por exemplo: o que nós estamos dispostos a perder para estar com o Senhor? E mais: por que é tão difícil aceitar essas perdas no concreto de nosso cotidiano?
Talvez nos decepcionemos ao perceber que, na prática, não somos capazes de deixar muitas coisas por Jesus. Isso acontece porque a renúncia sempre traz o sofrimento, já que se refere sempre a algo que traz alguma satisfação (nem que seja pequena e efêmera). Porém, se não nos dispormos a suportar a falta desta ou daquela satisfação, abrimos ocasiões que podem nos levar a perder Aquele que é o sentido de tudo.
Então, se quisermos seguir Jesus, precisamos amá-lo mais; devemos amá-lo sobre todas as coisas. Sim, porque o amor faz “esquecer” a dor – encontramos bons exemplos nos casais que se amam verdadeiramente. O amor obscurece, àquele que ama, o preço que deve ser pago, simplesmente porque foca o bem do amado. E quem ama verdadeiramente quer estar perto da pessoa amada.
Que Maria Santíssima, Mãe de Deus e nossa, nos ensine a amar Jesus de tal forma que possamos repetir com São Nicolau de Flüe: “Meu Senhor e meu Deus, arrancai de mim mesmo tudo o que me impede de ir a Vós. Meu Senhor e meu Deus, dai-me tudo aquilo que me conduz a Vós. Meu Senhor e meu Deus, tirai-me de mim mesmo e entregai-me todo a Vós”.
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