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SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO – ANO B (Pe. Lucas, scj)

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Caros irmãos, no último domingo do ano litúrgico, celebramos sempre a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Meditemos sobre este mistério a partir do santo evangelho para identificarmos um modo pelo qual podemos nos pôr sob o reinado do Bom Pastor (cf. Jo 18,33b-37).

O mistério que celebramos neste domingo nos faz entrar em contato com uma realidade SCJmuito profunda: Deus governa o mundo e a história. Podemos dizer que é uma verdade profunda porque, apesar de ser a própria sustentação de todo que existe, parece difícil crer que o Amor conduz tudo quando, muitas vezes, o que salta aos nossos olhos se parece com um triunfo do mal. Parece. Mas sabemos que a glória e a salvação de nosso Senhor se manifestaram justamente no meio das trevas mais densas.

Assim, crendo no reinado de Jesus Cristo sobre todo o universo se nos impõe uma pergunta: como podemos nos submeter a Ele? Como nos colocarmos debaixo de seu jugo suave e leve? A resposta nos é dada pelo próprio Senhor no diálogo derradeiro com Pilatos: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18,37).

A busca da dependência a Jesus Cristo ou da entrada no seu Reino é um caminho claro de San Jose Sanchez del Ríobusca e submissão à Verdade – que, em última análise, é Ele próprio (cf. Jo 14,6). Isso nos leva necessariamente à saída do nosso egoísmo, ou seja, a não julgarmos as coisas simplesmente a partir daquilo que mais nos agrada ou parece mais fácil, mas da realidade mesma e, portanto, das coisas como elas são. E podemos provar da beleza mais encantadora justamente quando a verdade, a realidade, se impõe como um raio de sol que rompe uma cortina de fumaça e acaba com a escuridão dando luz e sentido à nossa vida com suas alegrias e vitórias, dores e fracassos.

Peçamos, assim, que a Bem-aventurada Virgem Maria, nossa Mãe, nos guie sendo nosso modelo de submissão total à vontade do Pai e nossa fiel intercessora. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó virgem gloriosa e bendita. Amém!

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B (Pe. Lucas, scj)

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Caros irmãos, o fim do ano litúrgico se aproxima e, assim, o trigésimo terceiro Domingo do Tempo Comum nos convida a refletirmos sobre o mistério do fim dos tempos (cf. Mc 13,24-32). Peçamos ao Senhor que renove em nós a Esperança de nos unirmos definitivamente a Ele.

Embora não saibamos quando acontecerá o fim da história, sabemos que ela sucederá icone(cf. Mc 13,32; CEC 1048). Mais ainda: independente de sabermos qual será o dia da Parusia, devemos considerá-la iminente (cf. CEC 673); até porque é certo que nos encontraremos com Cristo, Senhor e Juiz, no dia da nossa morte. Então, por um lado, isso nos põe em condição de expectativa e, por outro, nos ajuda a reorganizar a escala de valores que norteia nossas escolhas.

Em relação à nossa escala de valores, a meditação sobre a morte e o fim dos tempos nos ajuda a não colocarmos nossa esperança fundamental em coisas que não são capazes de sustentá-la. Em outras palavras: devemos nos recordar sempre o que diz o Apóstolo na primeira aos coríntios (7,31): “a figura deste mundo passa”. Podemos fazer más escolhas se não considerarmos o fato de que esta nossa vida tem um fim (a morte) e uma finalidade (o Senhor). Mas, se estivermos atentos aos sinais da sua presença (cf. Mt 13,28-29 – Evangelho), podemos construir, com sua Graça, um caminho que lhe agrade.

E é justamente nesta realidade mais fundamental que ordenamos nossa vida como um período de espera pelo Senhor Jesus que vem. Na esperança que brota da fé, buscamos viver nossos dias neste mundo como um servo que espera a volta daquele a quem pertencem todas as coisas: enfrentamos nossos desafios e problemas, mas também vivemos nossas alegrias, pois sabemos que Ele nos quer dar muito mais.

Peçamos, assim, que o Cristo derrame em nós o Espírito Santo e nos encha de esperança a fim de que vivamos nossa vida de maneira a agradar nosso Pai que está nos céus. Que a Bem-aventurada Virgem Maria, nossa Mãe, seja nosso modelo de humanidade esperançosa. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó virgem gloriosa e bendita. Amém!

 

CEC: Catecismo da Igreja católica.

XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B (Pe. Lucas, scj)

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Caros irmãos, ao celebrarmos o trigésimo segundo Domingo do Tempo Comum contemplaremos o elogio do Senhor à oferta da viúva (cf. Mc 12,38-44). Abramos o nosso coração para que Ele nos conduza no caminho da generosidade.

Podemos nos guiar, para nossa oração em três pontos: o primeiro, Deus vê o coração. Apesar da aparente bondade e beleza da vida dos doutores da lei, a maldade da sua downloadintenção corrompe tudo o que poderia haver de bom para si mesmos (cf. Mc 12,38-40). E isso nos leva diretamente ao segundo ponto: a intenção conta mais que a materialidade da ação. Isso não significa, de modo algum, que um ato mau pode se tornar bom se feito com uma boa intenção. Mas, a má intenção corrompe um ato exteriormente bom. Assim, devemos estar atentos ao que nos motiva, porque nosso Senhor, que vê nosso coração e não pode ser enganado, se importa verdadeiramente com isso.

Enfim, chegamos ao terceiro ponto: a generosidade abre as portas da nossa vida para a ação de Deus. A oferta da viúva é materialmente uma coisa muito pequena, mas porque é de uma generosidade singular – ela “ofereceu tudo aquilo que possuía para viver” (cf. Mc 12,44) – abre as portas de sua vida para que o Senhor aja. Ele nos quer por inteiro e não em partes. Como nos recordou Santa Teresinha, nós somos realmente pobres e nada podemos oferecer que não nossa pobreza. Mas se lhe oferecermos com generosidade as ações aparentemente insignificantes do nosso dia a dia, seu Amor poderoso impulsiona nosso coração e, assim, também nós nos tornamos capazes de amar extraordinariamente.

Que nossa Mãe do Céu, a Bem-aventurada Virgem Maria nos sustente e nos ajude a nos oferecermos sem reservas a Deus. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó virgem gloriosa e bendita. Amém!

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS (Pe. Lucas, scj)

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Caros irmãos, neste domingo a Igreja no Brasil celebra a Solenidade de Todos os Santos, transferida da última quinta-feira. Oportunamente, a liturgia nos convida à contemplação dos santos como nossos intercessores e modelos: aqueles que nos mostram o que somos chamados a ser e, com sua intercessão, nos ajudam no caminho da santidade. Meditemos um pouco sobre este mistério.

O nosso primeiro e, por assim dizer, mais imediato relacionamento com os santos é do de pedir sua ajuda em nossas diversas necessidades. Trata-se da intercessão que se baseia Ícone - Comunhão dos Santosno mistério da comunhão dos santos que professamos crer toda vez que rezamos um dos símbolos da fé [1]. Mas esta realidade não esgota nossa relação com os santos. Ademais, abre-nos para uma dimensão à qual devemos dar maior atenção.

O Concílio Vaticano II nos lembrou que “os cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” [2]. Ou seja, todos somos vocacionados à santidade. Na liturgia, essa realidade está expressa na grande multidão que está de pé diante do trono do Cordeiro (cf. Ap 7,2-4.9-14 – segunda leitura). Assim, mais que intercessores, os santos representam nosso modelo, pois viveram bem o projeto ao qual o Senhor os chamou, e nos mostram qual o fim da nossa vida: a santidade.

Temos uma bela expressão desta vida no Sermão da Montanha, iniciado com as bem-aventuranças (cf. Mt 5,1-12a – Evangelho). Mais uma vez, por um lado, estamos diante de um texto que nos desmascara e nos mostra como somos fracos para viver a vontade de Deus. Mas, por outro lado, nossos intercessores são testemunhas de que é possível viver em santidade! Como? Se deixarmos o Senhor agir em nós, ou seja, se formos filhos no Filho (cf. 1Jo 3,1-3 – segunda leitura).

Portanto, é Jesus que, vivendo em nós, nos faz santos – nos transforma e nos capacita para a santidade. E, em cada um dos santos de nossa devoção, vemos o Jesus vivente. Peçamos, enfim, que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha do Céu, interceda por nós a fim de vivermos bem nossa vocação à santidade.

À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó virgem gloriosa e bendita. Amém!

 

[1] Sobre a intercessão dos santos:

Catecismo da Igreja Católica, n. 946-959.

Veja também: < https://padrepauloricardo.org/episodios/culto-aos-santos-e-suas-imagens >.

[2] Constituição Dogmática Lumen Gentium, n. 40.

Sobre a vocação universal à santidade: < https://padrepauloricardo.org/episodios/50-anos-do-concilio-vaticano-ii-vocacao-universal-a-santidade >.

MORRAMOS COM CRISTO, PARA VIVERMOS COM ELE

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Do Livro de Santo Ambrósio, bispo, sobre a morte de seu irmão Sátiro.

Vemos que também a morte pode ser lucro e a vida ser castigo. Por isso Paulo afirma: Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro. Que é Cristo, senão morte do corpo e espírito de vida? Morramos, pois, com Ele, para vivermos com Ele. Seja nosso exercício diário o amor da morte, a fim de que a nossa alma, pelo afastamento dos desejos corpóreos, aprenda a elevar-se para as alturas, onde o prazer terreno não pode chegar nem atraí-la a si, e assim receba a imagem da morte para não incorrer no castigo Novgorod, Russia sec 15da morte. A lei da carne contradiz a lei do espírito e quer submetê-la à lei do erro. Qual será o remédio para isto? Quem me libertará do meu corpo mortal? A graça de Deus por Jesus Cristo Nosso Senhor.

Temos médico, apliquemos o remédio. O nosso remédio é a graça de Cristo, e o corpo mortal é o nosso próprio corpo. Por conseguinte, afastemo-nos do corpo para não nos afastarmos de Cristo. Embora vivamos no corpo, não sigamos o que é do corpo nem nos sujeitemos às exigências da natureza, mas prefiramos os dons da graça.

Que mais ainda? O mundo foi resgatado pela morte de um só. Cristo podia não ter morrido, se quisesse; mas julgou que não devia fugir à morte, como se fosse inútil; antes, considerou-a como o melhor meio para nos salvar. A sua morte foi, portanto, a vida de todos. Recebemos o sinal sacramental da sua morte, anunciamos a sua morte na oração, proclamamos a sua morte na Eucaristia; a sua morte é vitória, é sacramento, é solenidade anual em todo o mundo.

Que diremos ainda da sua morte, depois de mostrarmos, com o exemplo divino, que só a morte conseguiu a imortalidade e se redimiu a si própria? Não devemos, pois, chorar a morte que é a causa da salvação universal; não devemos fugir à morte que o Filho de Deus não desprezou nem evitou.

Sem dúvida, a morte não fazia parte da natureza, mas tornou-se natural; porque Deus não instituiu a morte ao princípio, mas deu-a como remédio. Condenada pelo pecado a um trabalho contínuo e a lamentações insuportáveis, a vida dos homens começou a ser miserável. Deus teve de pôr fim a estes males, para que a morte restituísse o que a vida tinha perdido. Com efeito, a imortalidade seria mais penosa que benéfica, se não fosse promovida pela graça.

A nossa alma aspira a sair do estreito círculo desta vida, a libertar-se do peso deste corpo terreno e a caminhar para aquela assembleia eterna onde só chegam os santos, para aí cantar o louvor de Deus, como cantam, segundo a leitura profética, os celestes tocadores da cítara: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor Deus omnipotente; justos e verdadeiros são os vossos caminhos, ó Rei das nações. Quem não há-de temer e glorificar o vosso nome? Porque só Vós sois santo, e todos os povos virão adorar-Vos. A nossa alma deseja partir deste mundo para contemplar as vossas núpcias eternas, ó Jesus, nas quais, por entre o cântico jubiloso de todos os eleitos, a Esposa é acompanhada da terra ao Céu – a Vós acorrerão todos os homens – já não sujeita ao mundo, mas unida ao Espírito.
Era isto que o santo David desejava, acima de tudo, contemplar e admirar, quando dizia: Uma só coisa peço ao Senhor, por ela anseio: habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para viver na alegria do Senhor.

CORRAMOS PARA OS IRMÃOS QUE NOS ESPERAM

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Dos Sermões de São Bernardo, abade.

Que aproveitam aos Santos o nosso louvor, a nossa glorificação e até esta mesma solenidade? Para quê tributar honras terrenas a quem o Pai celeste glorifica, segundo a promessa verdadeira do Filho? De que lhes servem os nossos panegíricos? Os Santos não precisam das nossas honras e nada podemos oferecer-lhes com a nossa devoção. Realmente, venerar a sua memória interessa-nos a nós e não a eles.
Por mim, confesso, com esta evocação sinto-me inflamado por um anelo veemente.
O primeiro desejo que a recordação dos Santos excita ou aumenta em nós é o de gozar da sua amável companhia, de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-pedras_angulares_icone_todos_os_santos_590px.jpgaventurados, de sermos integrados na assembleia dos Patriarcas, na falange dos Profetas, no senado dos Apóstolos, no inumerável exército dos Mártires, na comunidade dos Confessores, nos coros das Virgens; enfim, de nos reunirmos e nos alegrarmos na comunhão de todos os Santos.
Aguarda-nos aquela Igreja dos primogênitos e nós ficamos insensíveis; desejam os Santos a nossa companhia e nós pouco nos importamos; esperam-nos os justos e nós parecemos indiferentes.
Despertemos, finalmente, irmãos. Ressuscitemos com Cristo, procuremos as coisas do alto, saboreemos as coisas do alto. Desejemos os que nos desejam, corramos para os que nos aguardam, preparemo-nos com as aspirações da nossa alma para entrar na presença daqueles que nos esperam. Não devemos apenas desejar a companhia dos Santos, mas também a sua felicidade, ambicionando com fervorosa diligência a glória daqueles por cuja presença suspiramos. Na verdade, esta ambição não é perniciosa, nem o desejo de tal glória é de modo algum perigoso.
Ao comemorarmos os Santos, um segundo desejo se inflama em nós: que, tal como a eles, Cristo, nossa vida, Se nos manifeste também e que nos manifestemos também nós com Ele revestidos de glória. É que de momento a nossa Cabeça revela-Se-nos não como é, mas como encarnou por nós, não coroada de glória, mas rodeada dos espinhos dos nossos pecados. Envergonhemo-nos de sermos membros tão requintados sob uma Cabeça coroada de espinhos, à qual por agora a púrpura não proporciona honras mas afronta. Chegará o momento da vinda de Cristo; e já não se anunciará a sua morte, para sabermos que também nós estamos mortos e que a nossa vida está escondida com Ele. Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela resplandecerão os membros glorificados, quando Ele transformar o nosso corpo mortal e o tornar semelhante ao corpo glorioso da Cabeça que é Ele mesmo.
Desejemos pois esta glória com total e segura ambição. Mas para podermos esperar tal glória e aspirar a tamanha felicidade, devemos desejar também ardentemente a intercessão dos Santos, a fim de nos ser concedido pelo seu patrocínio o que as nossas possibilidades não alcançam.