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SANTO AFRATES: A CORRETA ORAÇÃO ORIENTA PARA A CARIDADE – Por Diácono Daniel Antonio de Carvalho Ribeiro, SCJ.

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Queridos (as) amigos (as):

É muito bom continuarmos nossa meditação sobre os grandes personagens da humanidade. Com o desejo de oferecer algo útil para sua vida, nesta semana nos propomos conhecer um pouco sobre Santo Afrates. Praticamente desconhecido nos dias de hoje, ele viveu no século IV e recebeu o título de sábio, devido sua capacidade de meditar e viver os ensinamentos da Palavra de Deus [1].

Para começo de conversa, como sabemos, a Igreja teve suas primeiras atividades na Palestina (Ásia) e rapidamente se espalhou pelo mundo, especialmente pela Europa. Apesar deste avanço territorial, os cristãos continuaram suas atividades, na terra de Jesus, por meio de vários e respeitáveis monges. Afrates foi um deles. A melhor pessoa que o define é o próprio santo, que afirma ser um discípulo da Sagrada Escritura. Entre os seus valores, merece destaque a defesa da unidade entre a oração e o testemunho cristão [2].

É ele quem diz: “Dá alívio aos oprimidos, visita os doentes, sê solícito para com os pobres: esta é a oração. A oração é boa, e as suas obras são belas. A oração é aceite quando dá alívio ao próximo. A oração é ouvida quando nela se encontra também o perdão das ofensas. A oração é forte quando está repleta da força de Deus” [3].

Isso diz muito para nossa vida. Primeiro porque não devemos nos iludir que faremos boas obras sem o auxílio da graça divina. O ser humano não é autorreferido. Logo, tudo que ele tem de bom tem origem no seu Criador. A bondade humana sempre será fruto da bondade transcendente que o tocou. Para participarmos desta Bondade, a oração é um caminho certeiro. Quem reza acerta o alvo! Ainda mais, “o orante jamais está totalmente só” [4]. No momento que este encontro acontece, o amor ao próximo será uma consequência natural. Contudo, caso ele não aconteça, a oração, segundo santo Afrates, foi uma falsidade.

Desejo que façamos como os santos. Rezemos bem e viveremos intensamente, no cotidiano da nossa vida, a profundidade gerada pela amizade com Deus. Somente assim o ordinário da nossa vida tocará o Extraordinário que não nos deixa entrar na mesmice. Termino citando um grande amigo: experimente rezar um pouco mais e verá como ficará sua vida [5]. Complemento dizendo: fazendo isso corretamente, amaremos muito mais, sem deixar a verdade e sem exigir retribuições.

Estamos juntos! Abraço e até breve.

 

Notas:

[1] BENTO XVI. Os Padres da Igreja: de Clemente de Roma a Santo Agostinho. São Paulo: Pensamento, 2010, p. 142-143.

[2] Ibid, p. 143-145.

[3] Ibid, p. 144-145.

[4] _____. Encíclica Spes Salvi. 3ª ed.. São Paulo: Paulinas, 2008, p. 50.

[5] DIÁCONO JÚLIO CÉSAR FERREIRA. Experimente rezar um pouco mais. Disponível em: https://communioscj.wordpress.com/2011/05/24/%e2%80%9cexperimente-rezar-um-pouco-mais%e2%80%9d-por-diacono-julio-ferreira-scj/


O ENCONTRO COM JESUS NOS LEVA À CARIDADE FRATERNA – Por Fr. Lucas, scj.

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Vivat Cor Iesu!

Mais uma vez, sejam todos muito bem vindos ao CommunioSCJ! Depois de uma semana sem novos textos, retomamos nossa viagem pela história da Igreja, ainda na companhia de S. Jerônimo [1].

Retomando o tema último post [2], também nesta audiência, o Santo Padre trata do problema sobre a interpretação da Bíblia, ponto de partida para nossa reflexão, que vem a seguir. Diz Bento XVI: “Para Jerônimo um critério fundamental de método na interpretação das Escrituras era a sintonia com o Magistério da Igreja. Nunca podemos ler a Escritura sozinhos. Encontramos muitas portas fechadas e resvalamos facilmente no erro. A Bíblia foi escrita pelo Povo de Deus e para o Povo de Deus, sob a inspiração do Espírito Santo. Só nesta comunhão com o Povo de Deus podemos realmente entrar com o ‘nós’ no núcleo da verdade que o próprio Deus nos quer dizer. Para ele uma interpretação autêntica da Bíblia devia estar sempre em concordância harmoniosa com a fé da Igreja católica. Não se trata de uma exigência imposta a este Livro de fora; o Livro é precisamente a voz do Povo de Deus em peregrinação e só na fé desse Povo estamos, por assim dizer, a tonalidade correta para compreender a Sagrada Escritura. Por isso Jerônimo admoestava um sacerdote: ‘Permanece firmemente apegado à doutrina tradicional que te foi ensinada, para que tu possas exortar segundo a tua sã doutrina e contrastar quantos a contradizem’ (Ep. 52, 7)” [3].

Tendo como pressuposto que o encontro com Jesus Cristo se dá na leitura e meditação das Sagradas Escrituras na fé da Igreja, o texto do Santo Padre traz outra reflexão importante: o dever de conciliar a vida com a Palavra divina. O encontro com a Palavra eterna do Pai, Jesus Cristo, deve iluminar e transformar nossa vida. De tal maneira que “a mente e a palavra devem estar em sintonia” [4].

Isso, sem dúvida, se verifica através da prática da caridade fraterna. São palavras de S. Jerônimo: é preciso “vestir Cristo nos pobres, visitá-lo em quem sofre, alimentá-lo nos famintos, abrigá-lo nos desalojados” [5]. Sem dúvida, não é fácil. Exatamente porque não é fácil, o santo indica donde vem a força que faz superar as dificuldades: união a Cristo, por amor alimentado na oração e meditação da Sagrada Escritura. Em suas palavras: “amemos também nós a Jesus Cristo, procuremos sempre a união com Ele: então nos parecerá fácil também o que é difícil” [6].

Resumindo: a leitura e meditação das Escrituras na fé da Igreja nos abre espaço de relação com Jesus Cristo ressuscitado, real e verdadeiro. Essa relação leva necessariamente ao amor fraterno em todas as suas exigências, também com os mais necessitados. É preciso, em nossa vida, conservar equilibradas ambas as esferas de relações acima postas.

Que a intercessão de São Jerônimo e de Maria Santíssima nos ajudem neste caminho de maturidade, santificação e realização.

Grande abraço e até semana que vem!

 

[1] Cf. BENTO XVI. “São Jerônimo II: a doutrina”. In Os Padres da Igreja. São Paulo: Pensamento, 2010, p. 135-140. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/audiences/2007/documents/hf_ben-xvi_aud_20071114_po.html>.

[2] Disponível em: <https://communioscj.wordpress.com/2011/10/08/ler-as-sagradas-escrituras-com-o-mesmo-espirito-com-que-foi-escrita-%E2%80%93-por-fr-lucas-scj/>.

[3] BENTO XVI. “São Jerônimo II: a doutrina”. In Os Padres da Igreja, p. 136-137. Grifo nosso.

[4] S. JERÔNIMO, Epístola 52,7, apud. BENTO XVI. “São Jerônimo II: a doutrina”. In Os Padres da Igreja, p. 137.

[5] S. JERÔNIMO, Epístola 58,7, apud. BENTO XVI. “São Jerônimo II: a doutrina”. In Os Padres da Igreja, p. 138.

[6] S. JERÔNIMO, Epístola 22,40, apud. BENTO XVI. “São Jerônimo II: a doutrina”. In Os Padres da Igreja, p. 138.

LER AS SAGRADAS ESCRITURAS COM O MESMO ESPÍRITO COM QUE FOI ESCRITA – Por Fr. Lucas, scj.

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Vivat Cor Iesu,

Per Cor Mariae!

Sejam todos bem vindos, mais uma vez, ao CommunioSCJ! Nesta semana temos a grata satisfação de refletir a partir de um santo que foi celebrado pela Liturgia na última semana (30/09): S. Jerônimo (347-420) [1]. Este doutor da Igreja foi um grande estudioso, diretor espiritual, monge, exegeta, tradutor e comentador da Sagrada Escritura. Enfim, S. Jerônimo amou a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e fez dela o centro de sua vida. Mais que estudá-la, ele a viveu com intensidade, pois soube encontrar Cristo, Verbo eterno, nas páginas, ou melhor, nos rolos da Bíblia.

De seu exemplo o Santo Padre Bento XVI nos pede que aprendamos a amar a Palavra de Deus que se encontra na Bíblia Sagrada à qual encontramos num diálogo que tem, em si, duas dimensões: uma pessoal – “porque Deus fala com cada um de nós através da Sagrada Escritura e tem uma mensagem para cada um” [2]; outra eclesial: “devemos lê-la em comunhão com a Igreja viva” [3].

De fato, essa dupla consciência é muito importante quando lidamos com a Palavra de Deus na Escritura Sagrada. Pois, por um lado, corremos sempre o risco de pinçar trechos das Escrituras que mais nos agradem em detrimento de outros que nos incomodam. Mas quem disse que a Palavra não deve incomodar? Não é a nosso gosto que Deus nos fala: é para o nosso bem. E nem sempre o bem é agradável. Dessa forma, acabaremos por ter na Palavra algo perdido num passado distante e não algo e Alguém diretamente relacionado a nós. A Palavra nos toca pessoalmente.

Por outro lado, corremos também o risco do individualismo. Há quem creia que, sozinho, é capaz de fazer uma leitura autêntica da Sagrada Escritura… Ok. Isso só não é católico. Já desde Jerônimo sabemos da importância da Tradição e da fé da Igreja para interpretar validamente os textos bíblicos. O próprio Bento XVI há pouco tempo nos chamou a atenção para o fato de que “uma autêntica interpretação da Bíblia deve estar sempre em harmônica concordância com a fé da Igreja Católica” (VD 30) [4]. Para isso temos o auxílio do Magistério. O Concílio Vaticano II mesmo nos diz que “encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo” (DV 10) [5].

E mais: “como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé” (DV 12) [6]. Então, amados irmãos, também nós, se quisermos nos encontrar com Cristo vivo e presente nas Sagradas Escrituras, devemos nos aproximar dela com fé católica, considerando a unidade da Revelação e em concordância livre e filial ao Magistério católico.

Que Maria santíssima e S. Jerônimo nos auxiliem com sua intercessão neste caminho!

Grande abraço e até semana que vem!

 

[1] Cf. BENTO XVI. “São Jerônimo I: vida e obras”. In Os Padres da Igreja. São Paulo: Pensamento, 2010, p. 130-134. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/audiences/2007/documents/hf_ben-xvi_aud_20071107_po.html>.

[2] BENTO XVI, Os Padres da Igreja, p. 133.

[3] BENTO XVI, Os Padres da Igreja, p. 133.

[4] BENTO XVI. Exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20100930_verbum-domini_po.html>.

[5] CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática Dei Verbum sobre a revelação divina. Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html>.

[6] CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática Dei Verbum sobre a revelação divina. Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html>.